Continuar ou partir para outra? A pergunta representa bem um dilema comum no mundo do trabalhador: qual a hora de deixar o emprego atual e buscar outro? Os sinais de que o momento de dar tchau chegou podem vir do empregado, com a necessidade de adquirir novas experiências, ou da empresa, quando tem cheirinho de demissão no ar.
A presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), Ana Claudia Athayde, enumera as situações: “Um trabalhador pode sentir que é o momento de sair de uma empresa por insatisfação com a chefia, por não se identificar com o funcionamento da organização, pela falta de perspectiva de crescimento ou por uma mudança no projeto de vida”.
Segundo Athayde, uma boa empresa para trabalhar é dinâmica, não possui funcionamento rígido, promove a comunicação, abre espaço para sugestões e valoriza o mérito do bom profissional.
O que o empregado não deve admitir é a confusão entre cargos e estruturas familiares, o desrespeito às leis trabalhistas e a falta de equipamentos e condições necessárias ao trabalho. A boa empresa tem, ainda segundo ela, um plano definido de carreira - cargos, salários e competências.
Para analistas, a relação com o chefe direto também é fundamental na hora de tomar uma decisão. “Tem que ser uma relação de líder e liderado. A amizade é da porta da empresa para fora”, considera a presidente da ABRH.
Para o especialista em desenvolvimento de lideranças Eduardo Shiniashiky, ter relações ruins com a chefia é um bom motivo para deixar o emprego. “Se o sujeito já tiver conversado com o chefe para tentar resolver e não perceber mudanças, não adianta malhar em ferro frio”, orienta.
Com menos de 10 anos de formada, a enfermeira Laís Nascimento mudou de emprego oito vezes. Foto: Evandro Veiga |
Variar
De acordo com ele, mudar de emprego pode ser bom, mas exagerar é uma má ideia, já que o trabalhador acaba não aprendendo tudo o que pode. “É importante ficar um tempo a mais, querer aprender, entender como as pessoas tomam decisões, perceber a dinâmica da organização”, sugere.
A enfermeira Laís Nascimento, 29 anos, tem apenas oito anos de formada e já teve pelo menos oito empregos. Antes, ela atuava em hospitais e, há dois anos, começou a dar aula em faculdades de enfermagem de Salvador. Depois de tanto mudar, ela diz ter se encontrado. “Sempre procurei aliar o lado pessoal e o profissional, e hoje trabalho em instituições que me valorizam”.
Um dos motivos que já estimularam Laís a sair de um trabalho foi o atraso de pagamento de salário, num hospital. “Nem hesitei. Atrasou meu salário, resolvi mudar”, lembra. Agora, ela acabou de passar em um concurso do estado, mas pretende continuar em pelo menos uma das três faculdades onde ensina.
Cultura O que ocorreu com a enfermeira quando decidiu mudar de emprego porque atrasaram seu salário foi algo comum no mundo do trabalho: ela não se identificou com a chamada cultura da organização - o funcionamento mais o conjunto de normas do lugar. “A cultura de uma empresa também inclui sua história, a forma como as lideranças se relacionam, a comunicação interna, etc”, detalha Athayde, da ABRH. “A hora de deixar um emprego é quando você pensa: não me identifico com o funcionamento daqui”, diz.
Outros sinais de que o momento de sair se aproxima podem também partir da empresa. “Várias situações indicam que o gato subiu no telhado”, brinca o consultor de carreiras da Máxxima RH, Daniel Magno.
Fonte: Correio 24 horas
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