A ISO 26000, padrão de certificação voluntária com normas de conduta de responsabilidade social e sustentabilidade para as organizações, precisam ser acompanhadas mais de perto. Para Andréa Santini Henriques, doInstituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), os trabalhadores têm um papel essencial, de verificar se as empresas realmente estão implantando as recomendações e cobrar eventuais mudanças de postura.
Na visão de Clóvis Scherer, supervisor do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) em Brasília, é necessária uma "estratégia sindical" para fazer esse controle. "A responsabilidade social não é só filantropia e ação social, é o que a empresa faz a cada dia. Essa certificação social tem que ser discutida, incluindo quem fará esse controle e como será feita essa certificação", analisa.
Segundo ele, para a construção de uma sociedade menos desigual e justa é preciso repensar o papel social das organizações. "A responsabilidade social (empresarial) é uma obrigação na Constituição e a base para mudarmos o sistema econômico atual. Assim poderemos ser menos desiguais e mais sustentáveis para o futuro", defende Scherer.
Para Andréa, a ISO 26000, mesmo sendo voluntária, é muito importante, pois agrega em "um único documento o que de melhor a humanidade produziu a partir da década de 1950". Na prática, para a redação da norma de certificação, foram levadas em conta a Declaração Universal dos Direitos Humanos, questões socioambientais, entre outras. "Tudo em uma linguagem prática, para que seja implementada no dia a dia da organização."
Nos meios sindicais, a responsabilidade social tem se tornado apenas sinônimo de marketing empresarial ou um discurso vazio, sem efeitos práticos para o trabalhador. Apesar disso, se pensada nos parâmetros da ISO 26000, o conceito pode permitir, de acordo com Scherer, "condições de trabalho boas, sem discriminação, com direito a organização social, salários justos, jornada menor e trabalho decente".
Desafios não tão novos
Scherer lembra que a responsabilidade social não é uma necessidade tão nova. Além disso, a sociedade se mobiliza contra atividades predatórias das empresas já há algum tempo. "As empresas não querem seu nome associado a nenhum tipo de conduta que a sociedade ache inadequado", pondera. Para ele, a pressão sobre as empresas foi facilitada com o advento dos meios de comunicação mais dinâmicos, especialmente a internet.
Falando a uma plateia de trabalhadores, sindicalistas e representantes da industria química, Andréa sustentou que, por lidar com produtos tóxicos que afetam a saúde e o meio ambiente, a questão torna-se relevante. "(O setor) é também convidado a rever sua forma de atuar e produzir para reduzir e incorporar uma prática social e ambientalmente justa", convocou.
A pesquisadora do Inmetro cita ainda a transição para uma economia verde como um desafio colocado. Além de positivo do ponto de vista ambiental, esse modelo pode introduzir novos mercados, reduzir custos e, ao mesmo tempo, trazer ganho de imagem para as empresas.
Fonte: Jéssica Santos de Souza, colaborou Anselmo Massad/Rede Brasil Atual (com adaptações)
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