terça-feira, 1 de março de 2011

Falta empregada doméstica no mercado


Famílias menores em casas menores. A realidade brasileira tem reflexos em muitos setores. Um deles, facilmente observado, é o dos serviços domésticos. Com a diminuição da oferta, ou pelo menos da oferta na forma como era conhecida, os profissionais também foram se modificando.  
Com a expansão do mercado de trabalho formal no País, que se deu nos últimos anos, as empregadas domésticas com mais qualificação migraram pra outros setores, com melhor remuneração e carga de trabalho moderada.
De acordo com o economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e coordenador da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), Ediran Teixeira, o mercado não só tinha espaço para essas profissionais, como absorveu parte delas. “Elas foram para o comércio, confecções, indústrias”, cita. Ele ressalta que além de fatores como: carga horária prolongada e a baixa remuneração, está o baixo índice de carteiras de trabalho assinadas entre a categoria. “Um fiscal do Ministério do Trabalho não pode entrar numa residência para verificar a assinatura da carteira”, diz.
Por essas causas, muitas empregadas domésticas migraram para outros setores, assim como para outra forma de serviço doméstico, como o trabalho de diarista e não de mensalista. Uma das consequências é que, poucas pessoas têm optado pela profissão de empregada doméstica nos moldes tradicionais, seja para dormir no emprego ou indo e vindo todos os dias para o trabalho.
Peso forte
Ainda segundo Teixeira, apesar das modificações nesse setor, as empregadas domésticas ainda têm um peso forte no mercado e na economia. “As empregadas domésticas representavam 9% de toda a mão de obra e esse volume reduziu para 8,5%”, diz. O economista lembra que a profissão é uma importante porta para o mercado profissional. “Principalmente as mulheres (em torno de 92%), encontram no serviço doméstico, a possibilidade de começar a vida profissional”, afirma.

ENTENDA A NOTÍCIA

Entre 2003 e 2010, foram criados cerca de 15 milhões de empregos no Brasil. Somente no ano passado, o País gerou 2,524 milhões de vagas. O desempenho de 2010 superou a meta estabelecida para o período de 2 milhões de empregos gerados com carteira assinada.

NÚMEROS

8,5%
É quanto representa o volume de empregadas domésticas no volume da mão de obra total
92%
É o percentual de mulheres que estão trabalhando no serviço doméstico

MENSALISTA X DIARISTA

Quem procura uma empregada doméstica descobre que é mais fácil contratar uma diarista que uma mensalista.
 Uma pesquisa do Dieese, em parceria com a Fundação Sistema de análise de dados (Seade), aponta que a contratação de diaristas cresceu 50,98% de 2000 a 2009. Já os contratos de mensalistas caíram 15,02% .
 Para a presidente do Sindicato dos empregadores domésticos do Estado de São Paulo (Sedesp), Margareth Galvão Carbinato, os patrões preferem as diaristas para reduzir custos, já que, por lei, as mensalistas devem ser registradas. “Os encargos trabalhistas são altos”, diz.
Dados da Fundação Seade, ligada à Secretaria de Estado de Economia e Planejamento de São Paulo, apontam que em junho de 2010 havia cerca de 710 mil empregados domésticos na cidade.

Por Henriette de Salvi

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