Em assembleia geral realizada na manhã de ontem, no Ginásio Paulo Sarasate, o comando de greve do Sindicato dos Professores do Estado do Ceará (Apeoc) e representantes da categoria decidiram continuar em greve na Capital e no Interior. Os professores reivindicam a aplicação imediata do piso salarial e sua repercussão na carreira. “O governador (Cid Gomes, PSB) não está implementando o piso e quer destruir a carreira. Espero que ele reflita e entenda que é o responsável por essa greve”, disse Anísio Melo, presidente do sindicado Apeoc.
Desde junho, a categoria vem negociando com o Governo do Estado mas, sem chegarem a um acordo, os professores estaduais entraram em greve geral no dia 1º de agosto. Agora, os grevistas sentem-se enganados pelo Governo, que impôs como condição para retornar às negociações a suspensão da greve. “O governo está enrolando a categoria”, disse Anísio Melo. “Tentam vencer os professores pelo cansaço. Muito parecido com o tratamento dado pela prefeita Luizianne Lins (PT) aos professores municipais”, disse o vereador João Alfredo (Psol), que comparou Cid a um “ditador”. “Ele não admite protestos”.
Por meio de nota, a Secretaria da Educação (Seduc) reafirmou a posição do governo, e disse que “tem toda a disposição de prosseguir com as negociações, desde que a greve seja suspensa e que as atividades escolares sejam normalizadas”.
Protestos
O deputado federal Artur Bruno (PT), que declarou dar todo o apoio à greve, “um movimento justo”, disse estar intercedendo junto ao governo para que o sindicato Apeoc seja recebido por Cid, e se mostrou otimista quanto à celebração de um acordo entre as partes, pois a greve “não é interessante nem para os professores, nem para o governo, nem para os alunos”. No entanto, quando iniciou o seu discurso, os grevistas cobriram-lhe de vaias.
Mesmo sob gritos de “traidor” e “puxa-saco”. Artur Bruno declarou o seu apoio aos grevistas. Para a professora Laura Lobato, da Escola Estadual Maria Alves Carioca, Bruno foi vaiado por ser da base aliada do governo. “Ele usa o evento como palanque político e aproveita o momento para se promover”. Pouco depois de seu pronunciamento, o deputado deixou o ginásio.
Para o presidente do sindicato Apeoc, devido ao grande número de professores de todo o Estado, e de alunos de escolas estaduais que participaram da assembleia, o movimento grevista saiu-se vitorioso. O Comando de Greve mancou para próxima sexta-feira (19) um novo protesto no Palácio da Abolição, sede do Governo. E na segunda-feira (22), será realizada uma nova assembleia no Paulo Sarasate.
O quê
ENTENDA A NOTÍCIA
De acordo com a proposta do governo, rejeitada pelos professores, o salário inicial da categoria teria incremento de 36,9%, o que beneficiaria 15.600 dos 25 mil professores ativos estatutários e temporários.
SERVIÇO
MANIFESTAÇÃO DOS PROFESSORES EM GREVE
Quando: 19 de agosto (sexta-feira)Horários: 8 horas
Local: Em frente ao Palácio da Abolição.
Reivindicação: Abertura do canal de negociação com a categoria e implantação da Lei do Piso na atual carreira do magistério, fazendo as devidas adequações.
Fonte: Bruno Cabral, O Povo
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