quinta-feira, 7 de abril de 2011

Emicida lança videoclipe e documentário sobre prostituição

"A maquiagem forte esconde os hematomas na alma. Fumando, calma, ela observa os faróis que vêm e vão. Viver em vão. Os que vêm e não te têm. São, se necessário, homem de bem, fujão. Que não aguentou ser solitário. A mesma grana que compra o sexo mata o amor. Traz a felicidade, também chama o rancor. As madrugas que testemunha. Vermelho sangue na unha. Sem nome, várias alcunhas..."

Não, o texto acima não é do filme "Bruna Surfistinha", mas vem a calhar com o tema em questão.


Os versos são de "Rua Augusta", música-tema do videoclipe que o rapper paulistano Emicida lançou na noite de hoje (16) na MTV e no site Noiz. A hashtag #RuaAugusta, inclusive, foi parar nos TTs (trending topics) do Twitter Brasil.
"A ideia tanto da rima como dos vídeos é tirar esse glamour da prostituição", explica o MC, que incluiu a faixa no seu trabalho mais recente, a mixtape "Emicídio" (2010).



Emicida se apropriou da fama da rua Augusta apenas para ligar a música a um lugar. "A pegada mesmo era expandir o assunto." E ele expandiu. Foi parar na Vila Mimosa, região carioca de prostituição.
"Lá é tipo uma Santa Ifigênia [rua paulistana] do sexo. São várias galerias que, em vez de iPod e videogame, 'vendem' um monte de mina pelada."
O MC e sua equipe passaram cinco dias no local, no fim do ano passado, para captar imagens do lado cabuloso dessa profissão de risco. Segundo ele, uma parte da letra da música também saiu depois de sua visitas ao local.
"Algumas entrevistadas contaram histórias tensas, de caras que matavam as minas a facada enquanto transavam", recorda. "Para você ver como isso é comum, um dia estávamos passando de carro em frente a uma das galerias e tinha acabado de rolar um assassinato".
Esses depoimentos estão reunidos no documentário que Emicida lançará na próxima semana, do qual foram tiradas cenas para o clipe de "Rua Augusta".
"Elas trampam com nome falso, ninguém conhece a família delas. O que resta é chamar o IML e enterrar como indigente", conta. Não tem nada de "neon" nisso."

MAYRA MALDJIAN
de São Paulo

Fonte: http://www.folha.uol.com.br/

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